quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Consciência pesada

Estação Luz da CPTM, começo da tarde de sexta-feira. Mesmo não sendo um horário de pico, as plataformas estão absolutamente lotadas. Afinal, em São Paulo não existe mais horário de pico, mas situação de pico. Não vai demorar muito para essa cidade parar de vez, eu penso.
Na guerra para conseguir um lugar para me sentar no trem - eu estou no meio, afinal minha mochila deve pesar uns dez quilos - as pessoas se atropelam, sem dó nem piedade.
O único lugar disponível é um assento reservado. Não gosto de sentar em assentos reservados, afinal, eles estão reservados. Olho em volta para ver se há alguém que precise daquele assento mais do que eu. Não encontro ninguém. Meu instinto fala mais alto e decido me sentar, com o compromisso de me levantar caso chegue alguém que precise do assento.
Ninguém precisou.
Ainda assim, eu fiquei com a consciência pesada. Por mais que eu estivesse cansada e com uma mochila pesada, eu não tinha direito de me sentar ali.
Podia ser mais uma oportunidade de falar mal do sistema público de transporte, que está sendo lotado e que trata as pessoas como gado. Mas isso, todo mundo já sabe. Menos quem deveria saber. Até porque, quem toma as decisões sobre o sistema público de transporte nunca utiliza o sistema público de transporte. E, quando usa, tem vagão reservado e aparece cercado por seguranças...

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